Deixa, já vi

Esbarram-me perfumes conhecidos,
exalo estranhamente seus cheiros,
vêm em mim encantos passageiros,
familiarmente eternecidos.

Meu corpo se aconchega
em confortáveis pensamentos,
respira tons sonolentos,
todo veludo, em si, chamega.

Mas o sentido feito sonho me deixa.
Ao meus pés está de volta o chão,
o ar volta a ser de espinhos.

Mesmo assim, não há por que queixa,
o mundo vai-vem, não me larga a mão.
Passa a vida a base de suspirinhos.

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