Limiar

Poça-flores chora o ipê
rosas lágrimas apegadas
louvam no chão o outono.

Lagarta de fogo morre
as carpideiras formigas
a coroar e cuspir.

Passarinho cor de seca
pica o que nutre do chão
assutado voa pra casa.

Ferro colorido penduram-se
crianças mais perguntas
menos preocupações.

Pôr do sol não satisfaz
o coração amarrotado
dói mais que bate.

Apressada mulher sacolas
no vai e vem de quem
nunca chega.

Palha queima à puxadas
esbaforidas dos pulmões
à cabeça esfumaçada.

Quem é eu o mundo
grita no vão do céu pro chão
da ocupação ao ócio.

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